por Teresa, em 30.08.14
Espreguiçadeiras vazias...
Uma última fotografia para recordar momentos irrepetíveis...
Só mais um mergulho
e um último raio de sol
É tentar reter na nossa memória todas as imagens lindas deste verão...
E pensar que, o próximo, já não tarda aí!
por Teresa, em 29.08.14
Descobri que as palavras " férias" e "verão" podem ser mágicas, especialmente quando escritas e ditas por esta ordem de forma a significar isso mesmo: "férias de verão"!
Há até quem faça (como eu por exemplo fiz), uma contagem decrescente, via facebook, para marcar o início dessas mesmas férias... Assim como que a anunciar ao mundo: " dentro de 3, 2 , 1 dia vou parar de trabalhar! Viva o descanso e o verão!"
Ficamos tão mais felizes, tão mais leves...quando estamos em férias!
Só pensamos em praia, mergulhos, sol, bronze, ler, descansar, preguiçar e fazer o que nos dá na real gana....
Eu que sou do género de me queixar todo o ano :
"ai ...que dores de cabeça!";
"ai ...que estou com tensão alta
"ai ...que comi qualquer coisa que me caiu mal";
" ai...que dormi pessimamente !";
Passo rapidamente de uma pessoa terrivelmente hipocondríaca para alguém do mais-saudável-que-há! Parece mesmo que tomei uma vitamina milagrosa. Não me dói nem a unha do pé!
Esquisito mesmo...Podem crer!
Desde que sou maminka, descobri também que as férias de verão me trazem a maior magia de todas, isto é, por uns meses deixo de ser MAMINKA e volto a ser simplesmente MÃE.
A Maria tem estado em Portugal partilhando, com os amigos e a família,os risos, a cumplicidade e a boa disposição que paira no ar nesta época de férias.
Mas...oh ....estes dias não duram sempre e...vamos ter mesmo de voltar ao trabalho!
Eu sei que vai custar muito...mas sei também que,enquanto a Maria não regressar a Praga, a magia do meu verão vai continuar !
por Teresa, em 26.08.14
Ele há mistérios que não se conseguem explicar ...
Como tenho dito sempre não gosto absolutamente nada de cozinhar: desespero só com a ideia de ter de fazer uma refeição que seja, horroriza-me estar fechada na mesma divisão (parece que se chama cozinha) a conviver com tachos, panelas, pratos e colheres de pau, enervo-me com tudo o que diga respeito à culinária, fico paralisada se não tenho uma receita na mão a indicar-me tudo o que tenho de fazer,stresso só de pensar que tenho de utilizar o fogão....
Ao contrário da maioria das pessoas, não tenho que cozinhar praticamente nunca e, só por isso, agradeço imenso ao meu Deus!
Estranhamente,porém, adoro coleccionar livros de cozinha! Tenho imensos,desde os de doce aos de comida regional, e estão todos lindamente empilhados em cima do meu frigorífico !
Tenho imensa estimação por eles e, por isso, fico muito indignada quando o meu marido me diz:
- Porque é que não os atira fora? Não servem para nada!
Como não me servem para nada ?!!!!
Farto-me de folhear aqueles livros e olhar, com admiração, para as milhentas receitas apresentadas, nas mais variadas formas e cores. E parecem ser todas divinais !
Angustia-me, às vezes, não conseguir passar da contemplação à prática, isto é, olhar para uma receita e não conseguir transformá- la no jantar de família, desse dia.
Acontece que sou daquelas loiras, muito loiras (ou morena que um dia acordou com o cabelo loiro, se preferirem) que precisa de ter tudo explicadinho passo a passo, com termos simples, claros e precisos para poder passar à acção.
Antes de casar, o mais perto de receita bem explicada que tinha, eram aquelas que o Chefe Silva apresentava nos seus programas de culinária, ou as que a Maria de Lourdes Modesto colocava no seu livro, ou as receitas da Vaqueiro.
Quem era o Chefe Silva e a Maria de Lourdes Modesto ?! Eram uns queridos que entravam, muitas vezes, na casa de todos os portugueses porque felizmente só tínhamos 2 canais de televisão (mas isso é já outra história que fica para contar num outro post).
Agora com a internet tenho explicações muito mais pormenorizadas sobre cada coisa que queira fazer . Conseguem-nos ensinar até o significado de coisas que para mim eram do outro mundo, como " marinar", " refogar", "gratinar" e mais uma série delas que eu nem sabia existirem.
Depois de casar, tive até a ajuda do meu melhor amigo (que conheço desde os 6 anos) e que sempre me apoiou em tudo e, como óptimo cozinheiro que é, tentou passar -me o gosto pela cozinha.
Foi um querido , eu sei... mas das 30 e tal receitas que me ensinou acho que a única que consegui fazer e,repetir, foi uma entrada de cogumelos com queijo, que todos consideram uma delícia!
Gostava mesmo de cozinhar bem como esse meu amigo ou, como o meu marido!
Tivemos uma empregada brasileira que, cada vez que provava uma receita nova do meu marido exclamava :
- " Mmmmm... Isto é dos Deuses! "
Agora em férias passei, pode dizer-se, pela minha melhor experiência na cozinha : recebi imensos elogios depois de fazer um doce conventual que já tinha experimentado, mas que agora me saiu muito bem : a" barriga de freira"!
É um dos doces preferidos do meu marido que ADOROU A MINHA RECEITA e achou que estava parecida com o doce que comia em miúdo e, de que ainda hoje tem saudades.
Não deixando ainda de lado a insegurança que sempre senti na cozinha , acho que... aos poucos... vou conseguir dar uns passinhos nesta arte e quem sabe, qualquer dia vos apresente um prato à moda da maminka.
E esta hein?
por Teresa, em 24.08.14
No verão arranja-se tempo para tudo...os dias são compridos e a disposição, em geral, está em alta.
Sabe tão bem:
Uns mergulhos na piscina
Baloiçar num fim de tarde
Acabar um livro e passar ao seguinte, como um viciado que fuma um cigarro atrás do outro
O pôr do sol na praia
Ver como são lindas as cores das flores e dos pássaros
Ter a família e os amigos por perto e dar graças por estes dias de felicidade
Ter tempo e ser feliz é tudo o que se quer em cada um dos verões das nossas vidas!
por Teresa, em 18.08.14
O verão com crise, ou sem crise, é sempre uma das melhores coisas da vida! Então quando se está de férias .... não há melhor!
Há toda uma alegria no ar que aquece a alma, nos torna mais leves,mais tolerantes e nos faz pôr todos os problemas de lado: "Hospital? O que é isso? É onde trabalho? Ah... pois é ...claro! Agora assim de repente... não estava a ver!"
Se fechar os olhos quase consigo rever todos os verões da minha vida!
Que alegria era quando, no Alentejo ou no Algarve, se juntavam os primos todos e, num abrir e fechar de olhos, passávamos a ser uma família enorme.
Um quarto de duas crianças (na altura nós) se transformava, por magia, num quarto para 6 ou para 8 (dependia). Ainda hoje me ponho a pensar como é que cabíamos todas lá dentro e, mesmo assim, o quarto nos continuava a parecer enorme ?!!!
Ainda me lembro de à noite, no Alentejo, já adolescentes,a entrada para o nosso quarto se fazer pela janela, para não incomodarmos os pais, sempre que chegávamos a casa às duas ou três da manhã, vindas das nossas festas.
Depois ... a risota era tanta... que o efeito pretendido era posto em causa e...mais valia termos entrado pela porta.
E nos carros? Éramos sempre imensos os que iam no banco de trás! Não havia ainda cintos, nem regras de segurança a cortar- nos " o barato", e isso fazia de cada viagem a maior excitação do mundo !
Mas férias era isso mesmo!
Ouço ainda ao longe o barulho e a confusão das nossas vozes, as brincadeiras sem fim, a risota pegada, as sestas obrigatórias (que na altura eram a maior seca da vida), os passeios de carro, os dias na praia (enormes),os banhos na lagoa (hoje transformada numa moderna praia fluvial), os desejos pedidos a cada estrela cadente que víamos cruzar os céus (Deus queira que o.. me peça namoro), os geladinhos que íamos comer todas as noites (chocolate, sempre), as partidas que pregávamos, os nossos passeios de bicicleta, as noites quentes e estreladas no Alentejo, o som dos grilos, as taças de tomate com açúcar (invenção da minha mãe para nos fazer comer tomate e que se transformou rapidamente numa gulodice obrigatória para todas nós (até a Maria não a dispensa hoje),os passeios até Espanha (já que estávamos ali tão perto), a choradeira que era de cada vez que vez que as férias acabavam e tínhamos de regressar a Lisboa !
As saudades instalavam-se e a única coisa a fazer para as abrandar um pouco era iniciar a contagem decrescente para as férias do ano seguinte....
por Teresa, em 16.08.14
No outro dia, ao fim da tarde, já quase de férias, a conversa com o meu sobrinho Zé, foi assim:
- Ó tia, o que é que faz no seu hospital? A tia gosta de trabalhar lá? Eu não gostava de estar com aqueles doentes todos.
- Sabes, a tia não é médica portanto não está com doentes -expliquei. A tia trata dos assuntos dos médicos, enfermeiros e de todas as pessoas que trabalham lá: diz-lhes quantas férias têm, quanto vão receber etc...
- O tio também trabalha num Hospital. Quem é mais importante : o tio ou a tia?
- ?!
-Basta a tia responder- me a umas perguntas, com um sim ou um não que , eu próprio, consigo ver isso.
Então vamos lá!
As perguntas chave eram as duas que se seguem:
" a tia tem no seu gabinete quadros com molduras em ouro?" e " a tia também pede a alguém que lhe traga cafezinhos?"
-Não!- respondi-lhe.
- É isso...já percebi: o tio é muito mais importante do que a tia!
E esta hein?!!!!!
por Teresa, em 12.08.14
Sempre adorei crianças e, é com a maior ternura, que sempre acompanhei o crescimento da minha filha e dos meus quatro sobrinhos, ficando encantada com o aparecimento das primeiras palavras ,das frases trapalhonas , das primeiras brincadeiras e histórias inventadas… enfim de tudo o que compõe o mundo delas.
É pura magia vê-las acreditar no Pai Natal, nas fadas, nas princesas e nos heróis em que um dia se hão-de tornar, nos amigos para sempre, no seu pequeno grande mundo fantástico, onde tudo acontece e se encaixa na perfeição!
Ontem estive a arrumar umas coisas e encontrei uma agenda onde tenho anotadas muitas das histórias que vivenciei ou, que me foram contadas sobre as crianças da minha vida.
Resolvi, então, ir colocando aqui no meu Blog algumas delas que apesar de se terem passado há alguns anos, continuam a ser actuais na graça que ainda hoje têm.
Vou chamar-lhe “ As pérolas dos meus miúdos! ”.
Vou hoje contar 2 histórias, em que foi protagonista a minha sobrinha mais velha: a Madalena.
História1
A Madalena, teria uns 8 anos quando, referindo-se a uns vizinhos, disse à mãe:
-Mãe estão ali aqueles nossos vizinhos velhos com quem a mãe costuma falar…”
-Madalena, por favor, não deve dizer “velhos”, mas sim pessoas idosas- repreendeu a mãe.
Passados uns dias numa conversa com os irmãos, a Madalena ao querer impor-se perante eles esclareceu :
-Zé, Zé….eu já disse que sou mais idosa que vocês!
História 2
Num dos dias em que a mãe estava cheia de dores de cabeça a Madalena, na altura com 6 anos, resolveu entreter os irmãos, pondo-os a jogar um jogo em que tinham de responder a umas quantas perguntas que ela lhes ía fazendo.
Às tantas, o Manel que é o mais novo, começou a acertar mais perguntas do que o Zé.
Isso foi o bastante para a Madalena se virar para ele e dizer:
-Ó Zé… olhe que o Manel é mais esperto do que si !
Nem mais!
por Teresa, em 11.08.14
No tempo em que eu ainda dava aulas, trazia muitos vezes pontos e trabalhos dos alunos para ver em casa.
Na altura a Maria, que teria uns 3 anos, sentava-se ao pé de mim e, enquanto eu via os pontos, ela rabiscava numas folhas de papel que eu lhe dava,tentando imitar tudo o que via a maminka fazer.
Aqueles “ certos” e “errados”, que eu punha com a minha caneta encarnada, causavam-lhe uma curiosidade imensa. Até que um dia me perguntou:
-Mãe, o que estás a fazer?
-Estou a ver pontos de Direito!
-E o que é isso?
-É uma coisa que a mãe ensina na escola aos meninos que são meus alunos .
-Ah…eu também vou ver pontos de”Direita”- disse ela com um ar muito esclarecido.
Pegou, então, num dos papéis que eu lhe tinha dado e começou a rabiscar a vermelho tudo e mais alguma coisa.
.
Passado um pouco, com um ar já meio farto de tanto rabisco, disse-me:
-Mãe agora estou muito “canchada”! Já não vou ver mais pontos de direita. Vou começar a ver pontos de esquerda!
Direito?! O que é isso ???? Direita e esquerda! isso sim!
Ora, nem mais!
Simplesmente delicioso!
por Teresa, em 09.08.14
Tenho saudades do tempo em que fui professora!
Numa altura em que a vida não está fácil para ninguém, incluindo para os professores, o meu pensamento está com eles.
Eu, que durante 18 anos dei aulas, sei bem o valor de alguém que tem como principal missão ensinar e transmitir conhecimentos aos outros, e ...que o faz, em cada ano que passa, com o mesmo carinho e a mesma dedicação com que ensina pela primeira vez!
Foram gerações e gerações de adolescentes, com diferentes personalidades, diferentes maneiras de ser, ou estar, que me passaram pelas mãos, ao longo de 18 anos e que me ajudaram a ser a professora que fui e a pessoa que sou hoje.
Ainda me lembro, que os meus primeiros alunos se levantavam quando eu, a professora (na altura com 23 anos e, pouco mais velha do que eles), entrava na sala de aula!
Esse respeito que, também eles tinham por nós, professores, nunca mais se esquece na vida!
Quinze anos volvidos e, dou por mim a pensar no quanto adorei cada turma, e em cada turma, cada aluno.
Ainda hoje, é com ternura que lhes chamo:"os meus meninos”…
Voltei a estar com alguns deles quando a vida, sem qualquer razão aparente, fez com que os nossos caminhos se cruzassem. Reencontrei outros, há pouco tempo, quando o Facebook nos juntou!
É um orgulho sentir que fiz parte do crescimento de cada um deles e, é com alegria, que vou sabendo as novidades sobre as vidas que eles foram construindo: uns casaram, outros realizaram-se profissionalmente, outros são pais ou mães babados.Enfim…
E o melhor de tudo mesmo é que, ainda hoje, quando me encontram me fazem a festa maior do mundo… como se o tempo não tivesse passado e voltássemos a ser,simplesmente, o aluno e a “stôra”, como carinhosamente me teimam em chamar.
Depois destes anos todos ainda me lembro com saudade:
•da Susana que, passava algumas aulas a desenhar modelos de vestido de noiva porque queria ser a minha estilista privada, quando eu casasse;
•do João que imitava uma personagem de uma série inglesa e passava a vida a dizer que tudo era “ Brilliant”;
•do Daniel que era muito divertido e fazia rir a turma inteira;
•de excelentes alunas como a Sónia, a Marina, a Carla, a Raquel, a Vera, a Marta e tantas outras, a quem só dava de 18 valores para cima;
•da Luísa que estava sempre apaixonada pelo rapaz errado;
•de uma turma que tive (só constituída por rapazes e uma rapariga) que, uma vez se lembrou de me por a sala toda forrada com mulheres nuas, tendo eu dado a aula como se nada estivesse a acontecer;
•das 4 irmãs mais queridas do mundo, que foram todas para Direito porque, segundo ainda hoje dizem, fui eu que, com o meu entusiasmo, as influenciei na escolha;
•de uma dessas irmãs ter dito que ía por o nome da minha filha a uma das filhas dela ( quando um dia fosse mãe ) e soube que há pouco tempo cumpriu a promessa.
•de uma simulação de um debate político que fizemos na aula e que foi um show, com um dos alunos, o. Mario Rui a imitar o Mário Soares.;
•de ouvir pacotes de batata frita, a passarem de mão em mão, pelas alunas, durante a aula e fingir que nada ouvia;
•Das festas, das excursões,das centésimas lições.
•Dos risos, da alegria contagiante, e do facto de sermos uma “ família”.
A maior tristeza era, sem dúvida,no final de cada período escolar, ter de deixar partir uma turma a quem me tinha afeiçoado imensamente!
É claro que vinha uma nova turma de alunos….mas nunca… nenhuma delas substituiu a anterior!
E, foi assim, que ao longo de 18 anos fui coleccionando afectos , que me marcaram profundamente e me deixam hoje uma saudade imensa!