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Ontem acordamos com uma disposição diferente da habitual! Afinal era o último dia de férias!
Eu diria que a alegria quase que esteve desaparecida!
A cadela deu voltas e voltas ao jardim, a marcar território como de costume, mas sem a garra habitual!
A bebé desfez-se em lágrimas quando viu todos os brinquedos, com que tinha brincado durante o Verão, serem desmontados e arrumados lá bem longe!!!
A avó teve uma baixa de tensão quando começou a pensar numa nova mudança e no regresso à capital!
A filha adolescente, sem mais, nem porquê, andou nostálgica o dia todo!
Eu e os restantes adultos, apanhamos os últimos raios de sol sem a motivação do costume, demos uns mergulhos menos estridentes na piscina , tiramos as últimas fotografias sem a risota habitual e fomos fazer as malas sem qualquer vontade!
Os barulhos de Verão foram ficando longínquos, os nossos risos deram lugar a suspiros e a noite, que era para ser de um luar fantástico, acabou por ser ensombrada por algumas nuvens!
Que saudades tenho já das nossas férias!!!
ANOS 70 e 80
Quando era jovem,num tempo que era o meu, o estar bronzeada era a melhor coisa do mundo!
Sentíamos-nos giríssimas, tipo "Rainhas da festa"e tínhamos imensa saída!
O bronze dáva-nos um ar giro e super saudável! E os outros também nos achavam assim! E, só por isso, já éramos felizes!
O intuito era, passarmos um dia inteirinho na praia e esturricarmos, literalmente, ao sol!
Tínhamos pressa de alcançar o bronzeado perfeito!
Para isso valia tudo!
Protector solar ?! O que era isso?
Lembro-me apenas de um boião com creme de cenoura , assim tipo alaranjado. Era um creme que "fritava" até mais não!
Protecção zero!
Havia até quem usasse coca-cola para acelerar o processo de bronzeamento!
Bronzeados, inconscientes mas...muito felizes!
Anos 90 e seguintes
Começámos todos a ganhar alguma consciência sobre os perigos do sol, do buraco na camada de ozono.
O sol em excesso pode causar muitos danos à saúde!
De nosso maior amigo, o sol passou a poder ser também nosso inimigo.
Aí ...quando o medo se começou a apoderar de nós, começamos a usar protectores solares, ou melhor dizendo, a fingir que usávamos .
Mas com factores pouco elevados!
Chegámos a fazer assim: Primeiro púnhamos o tal creme de cenoura. Quando víamos que estávamos a ficar muito escaldados, dava-nos o peso na consciência, e passávamos para um creme com uma protecção mais elevada, tipo factor 6 .
Púnhamos aquilo por cima, para emendar a borrada que tínhamos feito inicialmente.
É claro que o escaldão já ninguém nos tiráva!
ACTUALDADE
Não batam mais no ceguinho. Já percebemos tudo: O Sol é bom, mas quando apanhado com moderação.
Aliás, como tudo na vida!
Agora já somos politicamente correctas: Apanhamos menos sol, colocamos cremes de protecção mais elevada: Começamos com um de factor 20 nos primeiros 3 dias, depois passamos para o factor 10 e nos últimos dois dias de férias colocamos o factor ... 4 . E se ainda houvesse terminava feliz com o meu adorado creme de cenoura!
Férias são sinónimo de praia, sol, mar, dormir, estar em família, rir, espairecer...mas não concebo falar em férias sem, de imediato, pensar em livros.
Apesar de ler ao longo de todo o ano, é nas férias que a leitura tem um sabor especial e único!
Tenho todo o tempo do mundo para entrar nas histórias, nas vidas das personagens, de me entusiasmar , de me emocionar, de ler sem parar!
E isso é tão bom! Isso sim são férias!
É por isso que é muito importante escolher os livros que se levam na mala!
Este ano venho acompanhada de dois livros, que estou a ler em simultâneo :
1- Um deles foi muito recomendado pelos amigos da blogosfera e colocado no Top 10 de toda as revistas da especialidade: "A rapariga no comboio" Ainda só li as 100 primeiras páginas e estou a adorar! Não é um mero thriller! É um livro fantástico , absorvente que nos surpreende, sempre e mais em cada página, e à medida que vamos avançando na sua leitura! Adormeço a lê-lo e acordo a pensar nele! Será que se mantém assim até ao final?! A ver vamos...
2- O outro livro, não é de ficção (infelizmente é bem realista), chama-se " Os bébés de Auschwitz"e foi comprado depois de ter visto um documentário na televisão sobre uma dessas bébés que hoje já é avó.
É um livro muito bem escrito pela biógrafa Wendy Holden que descreve a história da vida incrível de três mães, antes e depois de serem levadas para os malditos campos de concentração !
É arrepiante só imaginar o que terão passado !
É de louvar tanta coragem e dignidade!
Como conseguiram estas mulheres, sobreviver a tanta humilhação, a condições de vida desumanas, a tanta fome,tanto frio,tantas dores, e tanto HORROR?!
E, como é que, mesmo contra tudo e contra todos, conseguiram dar à luz, e até amamentar, os seus bébés, apesar da extrema magreza em que se encontravam?!!!
Sabem que mais? Depois de ler este livro olhei para o céu e fiquei infinitamente agradecida a Deus por ter tido uma maternidade fantástica.
Tive enjoos? Incharam-me as pernas? Não conseguia dormir bem com o barrigão? Chorava por causa das hormonas? Tive de ficar três meses de cama porque corria o risco de abortar? Tinha muito medo do parto?
Pois, ao pé destas 3 mães que tiveram de mentir, enganar a fome, o frio, a dor na alma, que ficaram sem maridos, e sem grande parte da família, as minhas queixas durante a gravidez , foram só mimalhice acumulada !
Leiam e vejam se eu não tenho razão!
Férias com crianças são muito melhores se forem ao ar livre e em dias cheios de sol!
No meu tempo, sempre que íamos de férias, ouvia muitas vezes os adultos (pais, avós, tios) dizerem, entre dentes:"Que Deus nos ajude com o tempo! Se vamos para lá, com a criançada toda e nos chove em cima, "é a morte do artista"!
Nunca consegui perceber o significado disto. Porque receavam os adultos que a chuva poderia matar um artista? E de que artista estariam a falar?!
O que poderia correr mal quando nos preparávamos para ir para o Alentejo com os pais, avós, irmãos,alguns tios e primos?!
Só conseguia pensar nas nossas brincadeiras, nas descobertas que fazíamos, nos banhos na lagoa, no barco, nos nossos passeios, na risota pegada!
Mas tudo isto era feito ao ar livre! Com céu azul, calor e muito espaço !
Tenho a certeza que nesse tempo passado cá fora, nas brincadeiras e nesse mundo só nosso,não incomodávamos ninguém!
Até porque os adultos queriam mais era sossego e preferiam ficar dentro de casa.
Assim chegávamos à fórmula perfeita: adultos para um lado, e crianças para o outro, o que significava férias-para-todos!
Só depois de sermos pais e tios conseguimos compreender o porquê da chuva poder ser mesmo "a morte do artista".
Se chove vamos todos para dentro de casa.
Acaba-se o ar livre e todas as brincadeiras cá fora!
E ... a partir daí o caldo está entornado! A criançada vira barata tonta sem saber o que fazer dentro de um espaço mais limitado e fechado! E,então, começa o massacre aos adultos:
- Quanto tempo falta para a chuva parar ?
-Não sei!
-Quando podemos ir lá para fora brincar?
-Não sei!
- O que é que podemos fazer aqui dentro de casa?
- Vejam televisão !
- Mas aqui não temos MEO!!!
- Peguem nos Tablets!
- Mas vocês proibiram-nos! Disseram que o ar puro nos fazia melhor!
-Sim ... Mas até parar a chuva podem voltar a jogar!
- Só que agora estávamos mesmo a gostar de brincar lá fora!
-MAS NÃO PODE SER PORQUE ESTÁ A CHOVER!
-Que chato!!!
-Vocês é que estão a ser chatos! Vão para os vossos quartos falar, jogar ou fazer o que mais lhes apetecer!
- O pior é que queremos mesmo ir lá para fora!
Chegados a esta fase do diálogo, das duas, uma: ou as crianças são salvas pelo gongo, porque a chuva pára tão abruptamente como começou, e podem finalmente correr lá para fora e retomar a brincadeira, ou se fecham nos quartos, com um ar rezingão e amuado, como se toda a culpa do mundo fosse dos adultos ou, quem sabe, de um tal artista que deveria mesmo morrer assassinado!
Até ao secundário andei num Colégio de Freiras, que adorei!
Foi lá que, com a ajuda preciosa das freiras e das professoras que ali leccionavam, a minha personalidade começou a ser moldada.
Ainda hoje sou religiosa, acredito em Deus, mas não sou praticante.
Há coisas que me levantam muitas dúvidas e que, já naquela altura, me causavam alguma perplexidade.
Duas vezes por mês, podiamos ser dispensadas das aulas para nos irmos confessar.
Claro que, apesar de não ser obrigatório, ía tudo minha gente! Era a única forma de nos livrarmos da seca da aula que estávamos a ter, para podermos cumprir um dever religioso.
E aí a euforia era total! Que bom vir apanhar ar! Aquele intervalo vinha memo a calhar!
Mas, passada a euforia inicial, a ida ao confessionário não tinha nada de entusiasmante.
Afinal o que é que nós, miúdas de 10, 11 e 12 anos, podíamos ter feito assim de tão grave para nos termos de confessar? Quantos pecados deveríamos ter feito (um, dois, três)? Não seria preferível confessarmo-nos directamente a Deus?
Chegadas lá abaixo à Capela do Colégio, e enquanto esperávamos pela nossa vez, sentadinhas no banco, questionávamo-nos sobre o que íriamos dizer ao padre:
- Vou dizer que bati à minha irmã - dizia uma;
- E, eu, que desobedeci à minha mãe - dizia outra;
- Pois eu vou confessar que digo muitos palavrões.
Bater na irmã?! Embirrar uma com a outra seria o mesmo?
Desobedecer aos meus Pais?! Amuar contaria?
Dizer palavrões?!"Parva"seria palavrão suficiente para confessar ao Padre?
Mas afinal o que faria ali, uma miúda como eu que, sem ter pretensões a ser uma futura Madre Teresa de Calcutá, era uma criança responsável, certinha e muito by the Book ?!
Claro que quando chegava à minha vez, e porque achava que ficava mal não ter nada para confessar, acabava por inventar uma série de "pecados", onde misturava as coisas vividas por outras, e não por mim.
Reconheço agora que, sem nunca me ter apercebido, estava a cometer um verdadeiro pecado:mentir a alguém!
Ai maminka...maminka!!!!
Vou iniciar um conjunto de postes relacionados com situações, ou coisas, que me causaram em criança, ou causam agora, alguma perplexidade.
Há muito...muito tempo... havia algo que me deixava muito confusa : como é que, nos autocarros de dois andares (sim, ainda sou desse tempo maravilhoso), a parte de cima do autocarro andava sem ter um condutor?!!!!
Sempre que entrava com a minha mãe num desses autocarros verdes (que saudades), puxava-a para o andar de cima, primeiro porque a viagem se tornava muito mais engraçada vista do alto (mais pertinho do céu), depois porque queria mesmo perceber o porquê desse fenómeno tão incrível!
Na parte de baixo havia uma cabine para o motorista, mas na parte de cima a prova de que não havia condutor era o facto de me deixarem, a mim e à minha mãe, sentarmo-nos no banco da frente. E, não, não eramos nós, que conduziamos aquele monstro.
Foram muitas as vezes que olhei, de soslaio, para as pessoas que iam ao nosso lado, ou atrás de nós, na tentativa de descobrir um volante escondido... mas...sempre em vão.
Para mim, aquilo só podia ser magia!
A verdade é que, mesmo sem condutor, o segundo andar do autocarro andava tão bem como o andar inferior: sabia de cor todos os caminhos que tinha de percorrer, as paragens que tinha de fazer, e nunca chocava com os outros carros!
Na minha cabeça surgiam as mais variadas questões, avolumavam-se cada vez mais dúvidas...
Mas sempre achei que me ficava mal colocar a questão a um adulto! Se calhar era uma coisa que todos deveriam saber. E eu também!
Levei tempo...não me lembro quanto ...a perceber como a coisa funcionava ( Ah!!!! Então era isso!)
Descoberto o mistério, nunca mais passear no autocarro verde, de dois andares, teve o mesmo significado para mim!
Saber comunicar é uma das coisa essenciais para nos podermos relacionar uns com os outros, quer no campo pessoal, quer no profissional.
Tal como um bom comunicador tem a vida bastante facilitada, um mau comunicador pode ser um desastre nesta vida!
Ao primeiro todos o entendem, ao segundo nem pensar!
Trabalha comigo um colaborador que é licenciado , tem a seu cargo projectos relacionados com programas informáticos, aplicados na Área da saúde, e que quando lhe pergunto o ponto de situação daqueles, me explica desta forma:
Ele:Hoje tive duas reuniões ...mm...não sei quantos... para falar de mais não sei o quê!
Eu:????????
Ele:Estou quase a ir de férias...mmm...mas convem falar com os representantes da empresa informática...não sei quantos...etc. Não sei se está a perceber a coisa....
Eu????????!!!!! Pois...
Ele:Se houver algum problema..mm..... não sei quantos...logo se vê....
Eu: ?????!!! Não deve haver (digo eu tentando acabar com a conversa o mais rapidamente possível).
Ele: Espero mesmo que não haja nada, porque tenho de ir de férias...não sei quantos... e estou muito cansado....
Conseguiram perceber? Eu também não!
imaginei-o a pedir a mulher em casamento e sorri!
Seria qualquer coisa do género: " Queres não sei quantos...comigo...não sei quê?"
O país está em crise! O ambiente está pesado! As pessoas andam com um ar grave e sério!
E não interessa nada o facto de estar sol, ou de ser verão, ou de estar em férias...
Parece que, de repente, todas as pessoas (próximas ou menos próximas) estão a passar por momentos menos bons, seja quanto à saúde do próprio ou de um familiar, seja no emprego (ou por causa do desemprego), seja quanto aos filhos....enfim....
Eu, que até sou tão positiva, sinto que vou no "Titanic" e que, mais dia menos dia, vamos todos ao fundo!
Bem sei que este meu estado de espírito tem muito a ver com o facto de ainda faltarem uns dias para ir de férias...mas isso agora não interessa nada, como dizia o outro.
No outro dia, uma das minhas cunhadas teve uma ideia engraçada, para tentarmos valorizar mais o lado positivo da vida, as coisas boas que temos e que nos vão acontecendo.
A coisa é simples e consiste no seguinte: todos os dias ao jantar, cada um de nós tem de contar a coisa mais gira que lhe aconteceu ao longo do dia e que o marcou pela positiva.
O meu primeiro pensamento foi o de que iriamos chegar à conclusão de que, infelizmente, não haveria nada de positivo para partilhar uns cons os outros.
Não podia estar mais enganada!
- Fiz hoje uma massagem fabulosa, lá no ginásio! - começou uma das minhas cunhadas por dizer;
- Fiz imensas compras e...acho tudo giríssimo!- acrescentou a minha filha;
-Meu (eu) pintou de afú (azul) este boneco - disse a minha sobrinha de 3 anos;
-Eu tive um almoço com um amigo, que já não via há séculos, e que me soube muito bem - informou o meu marido.
Finalmente exclamei:
- E eu, agora no carro, de regresso a casa, ouvi uma música que eu amava porque sempre que a ouvia ficava super bem disposta.
Às tantas, levantei-me da mesa e comecei a cantar: " I love to love, but my baby just love to dance..."
Todos se riram...e eu recuei uns anos... para aquele tempo em que a vida parecia tão leve e nós eramos tão felizes!
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