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Quando as férias acabam e a rotina regressa às nossas vidas, começo com a quele bichinho de me apetecer fazer qualquer coisa, para além do trabalho, que dê para espairecer.
Agora que voltei a ser maminka, com a minha filha a estudar longe, sinto uma necessidade desesperada de fazer qualquer coisa que me distraia do dia a dia e me mantenha o pensamento ocupado.
Ginástica? Mm.... não , definitivamente não! Saio do trabalho tarde e a más horas e nem uma perna consigo levantar.... Fico, de tal forma, com os fusíveis desligados que não há diálogo possível entre a mente e o resto do meu corpo. Fazer exercício? Faça quem mais quiser!
Aprender uma língua nova, coisa que eu adoro. Mmmm... não! Ao final do dia, não sei se é com o avançar da idade, mas já nem uma frase em português consigo dizer, do principio ao fim. Com o cansaço já só consigo grunhir.
Ler...ouvir música...sim isso faço com prazer mas...não são actividades regulares.
Até que às tantas descobri: vou experimentar fazer malha.
Lembro-me, como se fosse hoje, da minha avó a ensinar-me o b-a-bá do crochê, do meu entusiasmo inicial e dos muitos trabalhos que fui fazendo ao longo da vida, e que acho que nunca cheguei a terminar.
O meu marido deixou de acreditar que fosse possível eu fazer uma coisa até ao fim.
E não é que tem razão?! É que quando namorávamos prometi, um dia, fazer-lhe uma camisola para lhe oferecer com todo o meu amor e carinho.
Comecei entusiasmada, mas às tantas quando a coisa começou a ser difícil... desisti.
E apesar do amor imenso que por ele sentia, só consegui acabar a parte da frente da camisola...
Ficou a faltar e falta, até hoje, o resto da dita cuja.
Ao fim de todos estes anos, ainda guardo religiosamente a minha obra incompleta, para me recordar a calona que fui.
Desta vez decidi-me por uma manta.
Todos os dias me entusiasmo por a ver crescer e.... esmoreço quando a tenho de desmanchar outra e mais outra vez.
.
Para ajudar à festa o meu marido pergunta: " o que é que estás a fazer'"
-Uma manta! -respondo eu pela milésima vez!
- Mas ontem não era uma coisa maior ?!!!!
-Era, mas tive de desmanchar, porque me enganei. Mas não deixa de ser uma manta!
-Ah vi logo! Ontem parecia uma manta, hoje parece uma tripa.
É neste clima de entusiasmo que eu continuo a tentar fazer a tal manta que imaginei.
Se já acabei? Não!!!!
Quando acabo? Não faço a minimima ideia! Talvez no próximo inverno...who Knows....
Até lá... a focagem e a concentração tem de estar no contar das malhas: 1,2,3, laçada e enfia no buraco e outra vez 1,2,3... e assim, sucessivamente , sempre com o mesmo ritmo e a mesma cantilena, como quando em pequenina, debitava as tabuadas: 2 vezes1...2, 2 vezes 2.....4.....
Aí esqueço-me do mundo lá fora, das coisas chatas da vida e do facto da minha filha estar longe.
É uma espécie de meditação, à minha moda!
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